A estiagem que afeta a Região Norte do Brasil tem causado escassez de água potável, dificuldades de navegação e impactos na agricultura. Imagens de satélite do rio Xingu, no Pará, evidenciam as consequências dessa seca prolongada.
De acordo com o boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB), no dia 15 de outubro de 2024, o nível do rio Xingu foi registrado em 237 cm, o menor já documentado para este período. O recorde anterior, de 254 cm, ocorreu em 30 de novembro de 2023. Em condições normais, a expectativa era que o nível estivesse em 475 cm em outubro.
As imagens de satélite comparativas de setembro de 2023 e 2024 mostram claramente a alteração na paisagem do rio devido à diminuição das chuvas. Essas imagens foram compiladas pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Situação Crítica
Em setembro, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou estado crítico de escassez hídrica no rio Xingu e no rio Iriri, com essa situação prevista até 30 de novembro.
José Edmilson, pescador da região, relata que nunca viu o nível do rio tão baixo.
Índices Abaixo do Normal
O SGB aponta que o nível do rio Xingu está abaixo do esperado para esta época do ano, com a série histórica de monitoramento iniciada em 2016. No dia 15 de outubro de 2024, a estação de Altamira registrou 237 cm, 22 cm a menos do que em 6 de outubro. Na estação Boa da Sorte, em São Félix do Xingu, o nível era de 328 cm, também abaixo dos valores médios históricos desde 1976.
As medições mostram que, para essa data, os níveis estavam muito abaixo do normal, que costumava ser de 427 cm em Altamira e 348 cm em Boa Sorte, considerando 90% dos últimos anos.
Reconhecimento da Estiagem
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu situação de emergência por estiagem em 25 municípios do Pará. A lista inclui cidades como Alenquer, Belém e Santarém, permitindo que os municípios solicitem recursos federais para assistência humanitária e reconstrução de infraestruturas.
A Prefeitura de Altamira decretou estado de emergência em 18 de outubro, visando apoiar mais de 18 mil pessoas afetadas, como pescadores e ribeirinhos. Marco Galvão, outro pescador local, alerta para os perigos da navegação em um rio tão seco, onde colisões com pedras são frequentes.
Uma visita do Ministério da Saúde a aldeias em Altamira revelou que 53 das 155 aldeias da região foram afetadas, prejudicando diretamente 1,7 mil indígenas. As comunidades enfrentam falta de água potável, desabastecimento de alimentos e dificuldades no acesso à saúde, agravadas pela baixa nos níveis dos rios, que são essenciais para o transporte local.
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