Altamira/PA – 22 de abril de 2025
Pela primeira vez, câmeras de monitoramento da fauna em Belo Monte capturaram algo surpreendente: filhotes de ariranha em plena atividade no Reservatório Intermediário da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Xingu. Esse é um registro raro, que indica que o meio ambiente na região segue saudável e propício para a vida selvagem.
As imagens foram captadas por câmeras camufladas instaladas para monitorar mamíferos aquáticos e semiaquáticos que habitam a área. No vídeo, duas ariranhas adultas se aproximam de uma toca e, em seguida, dois filhotes emergem. O comportamento das ariranhas, também chamadas de lontra-gigante, onça-d’água ou lobo-do-rio, é um sinal importante de que o ambiente está em boas condições para a reprodução de espécies sensíveis, como a ariranha, que desde 1999 é classificada como vulnerável à extinção pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Roberto Silva, Gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia, celebra o nascimento dos filhotes dentro da área protegida: “A ariranha é um animal social, vive em grupos monogâmicos e depende de um ambiente saudável e com alimentos abundantes para sobreviver. As ariranhas são muito sensíveis à presença humana, por isso, esse nascimento dentro de uma área protegida é um sinal claro de que o ambiente está seguro e saudável para elas.”
Área protegida, fauna preservada
O flagrante aconteceu em um reservatório artificial de 119 km², que integra uma Área de Preservação Permanente (APP), uma zona de acesso restrito com monitoramento constante. Esta área vem se mostrando um verdadeiro refúgio para a vida silvestre do Xingu, proporcionando um ambiente propício para a alimentação e reprodução de várias espécies.
Desde 2012, a Norte Energia desenvolve um projeto de monitoramento da fauna da região, com foco nas ariranhas e outros mamíferos aquáticos e semiaquáticos. Durante esses 13 anos de trabalho, a empresa acumulou dados importantes para a conservação dessas espécies. O projeto foi reconhecido pelo Ibama, que selecionou o trabalho para ser apresentado em um seminário sobre projetos de licenciamento ambiental bem-sucedidos. “Nossos biólogos percorrem o Rio Xingu, coletando amostras e utilizando metodologias inovadoras, como armadilhas fotográficas e a análise do DNA da água, para monitorar a presença dessas espécies”, explica Roberto Silva.
A importância do projeto é indiscutível. Ao longo dos anos, foram registradas imagens de 280 ariranhas, e os resultados indicam que o ambiente ao redor da usina continua sendo adequado para a sobrevivência dessas espécies, devido à disponibilidade de peixes e áreas preservadas para a reprodução.
Guardião dos rios
A ariranha é uma espécie chave para o equilíbrio dos rios. Vive em grupos de até 10 indivíduos e todos ajudam a cuidar dos filhotes. Caçadora de peixes e com hábitos barulhentos, tem um repertório vocal único e é considerada uma das espécies mais sociais da Amazônia.
Por muito tempo, foi caçada por causa da pele macia, o que contribuiu para o risco de extinção. Agora, cada novo nascimento representa esperança.
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